A economia brasileira apresentou recentemente dados reveladores, alguns considerados positivos e outros preocupantes. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,4% no segundo trimestre, superando expectativas do mercado e colocando o Brasil em segundo lugar no ranking global de maiores PIBs no período. Além disso, a Bolsa de Valores de São Paulo registrou em agosto a pontuação recorde de sua história. No entanto, os elevados gastos do governo em relação às receitas e o rombo nas contas públicas são motivos de preocupação.
O crescimento de 1,4% no segundo trimestre foi o 12º resultado positivo consecutivo do indicador em bases trimestrais. Com esses resultados, o PIB brasileiro teve alta de 3,3% em relação ao mesmo trimestre de 2023. Já a alta acumulada em quatro trimestres é de 2,5%. A economia brasileira atingiu seu maior nível de atividade desde 1996. Um dos pontos positivos destacados pelos economistas é que boa parte do PIB de trimestre foi impulsionada pelos investimentos (2,1%). Os investimentos significam incrementos na economia e tendem a gerar crescimento mais consistente ao longo dos anos.
O crescimento da economia pode não ser sentido pela população da maneira como as pessoas gostariam. Isso porque há uma percepção de que os preços dos produtos ainda estão altos, comparado com a alta da renda. A taxa de desemprego no Brasil foi de 6,8% no trimestre encerrado em julho, a melhor taxa desde 2014. No entanto, a combinação de economia aquecida e empregos em alta pode ser um fator que aumenta a inflação. Para combater a inflação, que já está no teto da meta para 2024 (4,5%), o Banco Central terá que aumentar os juros, possibilidade que já vem sendo cogitada na instituição.
O governo ainda não conseguiu estancar a alta dos gastos públicos em relação às receitas, o que pressiona o Orçamento. Há uma alta acelerada, por exemplo, nos gastos previdenciários, que são obrigatórios. Para 2025, a estimativa é que as despesas previdenciárias subam R$ 71,1 bilhões além dos atuais R$ 923 bilhões que devem ser gastos em 2024. O governo previa terminar 2024 com déficit zerado no Orçamento, mas já projeta um déficit de R$ 28 bilhões.
O economista Felipe Salto destaca o desafio da política fiscal. Ele defende a necessidade de o governo buscar o equilíbrio fiscal. “O governo avançou, com o novo arcabouço, e o déficit deste ano será bem menor que o do ano anterior […]. Para o ano que vem, o desafio é de seguir diminuindo o déficit público, que ainda não está bem equacionado.” Ele também disse que é preciso melhorar a qualidade dos gastos públicos.
Em agosto, o Ibovespa renovou seu recorde histórico: 136.464 pontos. O mercado financeiro aproveitou a onda de otimismo após a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) mostrar que as autoridades estão bastante inclinadas a iniciar o ciclo de cortes na taxa de juros americanas em setembro. A alta na bolsa é reflexo de uma melhora que já ocorreu, como a queda do desemprego e o aumento do salário.
Diante dos dados recentes, a pergunta natural é: o que há de motivo de otimismo e de alerta para a economia brasileira? Os especialistas ouvidos pelo g1 analisam o cenário econômico atual e os desafios para que o governo mantenha bons indicadores. Embora haja motivos para otimismo, como o crescimento do PIB e a alta na bolsa, os gastos públicos e o rombo nas contas públicas são motivos de preocupação. O equilíbrio fiscal e a contenção da inflação são desafios importantes para o governo.
A economia brasileira apresenta um cenário complexo, com pontos altos e pontos de alerta. Enquanto o PIB cresce e a bolsa alcança recordes, os gastos públicos e o rombo nas contas públicas são motivos de preocupação. O governo precisa encontrar um equilíbrio fiscal e controlar a inflação para que o crescimento econômico seja sustentável.